"É ação paramilitar", afirma deputado que está na Embaixada da Venezuela
"É uma ação paramilitar, com um grupo uniformizado, usando radiocomunicadores que obedecem a um comando centralizado. Tem característica de milícia. A maioria é de venezuelanos, mas também há brasileiros. Eles tomaram de assalto as instalações da embaixada e também a parte residencial, onde há crianças."
O relato é do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) que falou ao blog de dentro da Embaixada da Venezuela, em Brasília, que foi invadida por um grupo que diz representar o governo do autoproclamado presidente venezuelano Juan Guaidó.
"A postura do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, que alega não reconhecer os membros da missão diplomática porque não reconhece o governo de Nicolás Maduro acaba respaldando a acão dos criminosos dessa ação paramilitar", afirma Pimenta.
"Neste momento, um representante do Itamaraty está aqui junto com a Polícia Militar e há um impasse porque os representantes da Embaixada da Venezuela não abrem mão de suas prerrogativas como legítimos representantes do governo venezuelano."
A embaixada foi ocupada, na manhã desta quarta (13), por um grupo de cerca de 20 pessoas. De acordo com Paulo Pimenta, eles pularam o muro e invadiram as instalações. O grupo nega e diz que entrou no local com a autorização de funcionários que teriam passado para o lado de Guaidó. Assim que o grupo chegou, representantes de Maduro na embaixada solicitaram que movimentos sociais e políticos viessem ajudar.
"Aqui, do lado de dentro, não vislumbramos nenhuma solução diplomática de curto prazo. A situação também está muito tensa do lado de fora."
Do lado de fora
Paulo Teixeira (PT-SP) está do lado de fora, junto com outro parlamentares da oposição. Acusa o governo de estar envolvido.
"Bolsonaro se articulou nessa ação. Ele está deixando estender a invasão porque há a reunião dos Brics [grupo formado por Brasil, Rússia Índia, China e África do Sul, que estão se reunindo na capital federal]. Quer dar holofote, para o mundo inteiro, para a essa ação. E, com isso, desgastar o governo venezuelano."
Teixeira afirma que isso abre um precedente gravíssimo. "Houve uma invasão do território venezuelano. Se o Brasil não queria reconhecer a missão diplomática de Maduro deveria ter comunicado ao governo venezuelano que seu embaixador era persona non grata. Corpos diplomáticos são territórios estrangeiros, soberanos. A invasão e uma violação ao direito internacional sem precedentes por aqui."
A deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ) disse ter conversado com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), buscando uma saída institucional.
"Temos que voltar minimamente ao bom senso e evitar uma loucura para o Brasil do ponto de vista internacional", afirmou. "Ele disse que ia tentar ajudar para repor o respeito a um território que não é nosso, é território venezuelano."
A Presidência da República negou que Bolsonaro tenha incentivado a "invasão" à embaixada. Em nota, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) chama o episódio de "fatos desagradáveis" e afirma que há "indivíduos inescrupulosos e levianos que querem tirar proveito dos acontecimentos para gerar desordem e instabilidade".
Contudo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, vem apoiando os correligionários de Guaidó nas redes sociais desde que o episódio começou. "Embaixada da Venezuela mudou porque funcionários reconheceram Guaidó como presidente legítimo. Invasão é o que ocorre agora com os brasileiros esquerdistas querendo se intrometer na questão", postou no Twitter, contradizendo a Presidência.
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