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A Marcha da Liberdade ocorreu e não doeu a ninguém

Leonardo Sakamoto

28/05/2011 20h30

A Marcha pela Liberdade reuniu de 4 a 5 mil pessoas (dependendo da fonte) na tarde deste sábado em São Paulo. Após concentração no vão livre do Masp, ela avançou pela avenida Paulista, descendo a rua da Consolação até o Teatro Municipal e de lá até a Praça da República. Não houve o registro de violência policial como a que ocorreu no sábado passado, na Marcha pela Liberdade de Expressão.

Várias bandeiras foram erguidas na manifestação, pouquíssimas de partidos políticos: a defesa da liberdade de expressão, o combate à homofobia, o respeito aos ciclistas, a demanda por um transporte público decente e acessível, os direitos das mulheres, a crítica às mudanças no Código Florestal, entre outras. De forma irônica, cínica ou cômica, mas sem menções diretas, a questão da legalização da maconha apareceu em cartazes e em palavras de ordem.

Palavras como "Kassab sem vergonha, o busão é mais caro que a pamonha" ou "Aldo Rebelo [relator do projeto de mudança do Código Florestal] você não presta, nós queremos nossa floresta" foram ouvidas repetidas vezes, cantadas pelos manifestantes.

Um minuto de silêncio foi feito em frente ao cemitério da Consolação em nome de José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, lideranças do projeto agroextrativista em Nova Ipixuna (PA), executados na última terça (PA). Adelino Ramos, sobrevivente do Massacre de Corumbiara (RO) e assassinado nesta sexta (27), também foi lembrado.

A Marcha pela Liberdade ocorreu mesmo com a proibição da Justiça de São Paulo após um acordo entre a organização e a Polícia Militar de que não haveria referência às drogas. Na prática, pode ser considerado um ato de desobediência coletiva, com o apoio do governo do Estado.

Peço desculpas pela resolução das fotos. Vou começar uma campanha "Sakamoto Esperança" por um celular com melhor câmera. Enquanto lá, agradeço a paciência.

Em tempo: tenho certeza que haverá uma avalanche de comentários estranhos de gente que ficou decepcionada pela polícia, desta vez, não ter descido a borracha e o gás naqueles "maconheiros sem vergonha". Para vocês, posso recomendar um bom analista para entender porque tanto ódio e intolerância.

Na concentração no vão livre do Masp, a polícia militar fez um cordão de isolamento, que depois acompanhou os manifestantes até o Centro. Flores foram distribuídas às pessoas e aos policiais.

Cartazes e faixas foram produzidos na concentração no vão livre do Masp.



A marcha transcorreu sem incidentes graves como os do último sábado. Duas pessoas, que seria skinheads, foram detidos por atacar um carro da TV Globo.

Manifestantes fazem um minuto de silêncio aos trabalhadores mortos por conflitos no campo em frente ao Cemitério da Consolação.

O cordão de isolamento da polícia militar acompanhou a marcha até o final. Não houve confronto entre participantes e manifestantes.

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Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.


Leonardo Sakamoto