Manifestantes derrubam aumento da tarifa do transporte público em São Paulo e no Rio
Leonardo Sakamoto
19/06/2013 18h41
O título acima não está errado, não. O prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin anunciaram a revogação do preço das passagens de ônibus, metrô e trem em São Paulo na noite desta quarta (19) – o valor volta a R$ 3,00 na próxima segunda. O prefeito Eduardo Paes também comunicou a suspensão do aumento da tarifa de ônibus na capital carioca. As barcas, trens e metrô também caem.
Fizeram isso por que acreditam que essa é a melhor política a ser adotada? Não, eles criticaram a medida várias vezes nas últimas semanas. Foi por conta da pressão de centenas de milhares de pessoas que tomaram as ruas de ambas as capitais – pessoas que, muitas vezes, protestaram sob chuva de gás lacrimogênio, balas de borracha, gás de pimenta, cacetetes, detenções ilegais. E também por conta dos debates que tomaram as redes sociais, além de escolas, bares, casas, igrejas, campos de futebol.
"A revogação feita pelo poder público, hoje, evidencia que a população quando se mobiliza tem força. E também traz o debate sobre transporte ao lugar que ele tem que estar, que é a esfera política. O debate não é uma questão técnica, mas sim política. A discussão sobre tarifa de ônibus é uma discussão sobre a cidade", afirmou Lucas Oliveira, integrante do Movimento Passe Livre. E adianta: "A disputa política continua. Não começou em Salvador, em 2003, ou em Florianópolis, em 2004, e não vai terminar agora". O movimento também defende a tarifa zero para o transporte público nas cidades.
Da minha parte, gostaria de dar parabéns ao Movimento Passe Livre, que fomentou esse processo, sendo uma referência para os jovens manifestantes desde o começo. E parabéns a quem acreditou e se mobilizou.
Isso serve para que a geração que está no poder nunca mais se esqueça da força do povo quando ele se conscientiza, se organiza. E vai às ruas.
Sobre o Autor
É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.