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Relações entre empresas brasileiras estão na plataforma Eles Mandam

Leonardo Sakamoto

18/06/2014 16h24

O banco de dados consolidado na segunda etapa do projeto Eles Mandam, que está sendo lançado nesta quarta (18), permite tornar transparente uma série de relações diretas e indiretas de grandes grupos econômicos na economia brasileira.

Dessa forma, o interessado tem à disposição informações que permitem identificar os tentáculos das corporações, enxergando elos poucas vezes vistos que podem unir um grande banco a uma grande mineradora, a um plano de saúde ou a um grupo de análises clínicas.

A ideia é simples: permitir a qualquer pessoa que entenda, de forma divertida, como e quem manda na economia brasileira.

Outra novidade é que o perfil dos principais conselheiros dessas forças econômicas foi ampliado, permitindo avaliar a sua formação educacional e profissional, o que é outro instrumento válido de checagem das relações entre pessoas, grupos econômicos e Estado e como elas se inter-relacionam.

Uma extensa pesquisa da Repórter Brasil nos sites, balanços e comunicados das próprias empresas levantou nomes e perfis de quem se senta em seus Conselhos de Administração. Foram pesquisadas as 100 maiores companhias, os 50 maiores grupos econômicos e os dez maiores fundos de pensão.

"Eles Mandam" é uma iniciativa da Repórter Brasil, com o apoio da Fundação Friedrich Ebert, inspirado no They Rule, que mostra quem são os que têm assento nos conselhos das maiores empresas dos Estados Unidos, possibilitando identificar redes de relacionamentos entre elas. A versão brasileira foi produzida com a permissão dos responsáveis pela plataforma norte-americana. E acrescida de relações de propriedade e controle existentes entre as empresas.

O processo de concentração em alguns setores é um fato nítido, como pode ser visto no "Eles Mandam", mas traz consigo uma reflexão: será bom para o consumidor? Se reverterá mesmo em queda de preço dos serviços oferecidos a ele? O brasileiro que melhorou de vida se tornará ainda mais exigente em relação aos serviços prestados, seja por concessionárias de serviços públicos, seja por planos de saúde? As empresas estarão preparadas para atender a essas novas demandas? Qual será o principal desafios delas ao longo dos próximos anos?

Essas são algumas das questões que surgem a partir da consulta dos dados disponíveis na plataforma "Eles Mandam", agora disponível em sua segunda etapa.

Tive o prazer de editar o projeto ao lado de Marcel Gomes. A reportagem coube a Roberto Rockmann, a produção e pesquisa foi de Hélen Freitas e o desenvolvimento da plataforma foi realizada por Tiago Madeira.

Eles Mandam pode ser acessando clicando-se aqui.

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Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.


Leonardo Sakamoto