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Cientistas creem em relação entre falta de água e saudade da ditadura em SP

Leonardo Sakamoto

02/11/2014 11h08

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biosociais da Universidade de São Paulo afirmam que metais pesados presentes na água do volume morto do reservatório da Cantareira podem ser responsáveis por surtos de amnésia coletiva em parte da população. A perda de memória estaria relacionada às partes do cérebro responsáveis pelo armazenamento das aulas de história.

Essas substâncias, absorvidas durante atos simples como escovar os dentes ou tomar banho, atuariam nos receptores dos neurônios, impedindo sinapses e levando o indivíduo a ignorar o passado e produzir discursos desprovidos de razão.

O volume morto é um reservatório com 400 milhões de metros cúbicos de água situado abaixo das comportas das represas do sistema Cantareira. Conhecida também como "reserva técnica", essa água nunca havia sido utilizada antes para atender a população e cientistas temiam seus efeitos nocivos.

O estudo aponta que o efeito é potencializado quando os metais pesados do volume morto são combinados com outros produtos químicos, como os presentes em potes de iogurte grego premium e drinks feitos com Aperol. Nesses caso, os pesquisadores têm registrado significativa diminuição na capacidade de empatia com o sofrimento alheio.

Uma equipe do Instituto esteve, neste sábado (1), na avenida Paulista para colher amostras de saliva de manifestantes que pediam uma "intervenção militar" no país e claramente demonstravam alguns dos sintomas.

"Queremos deixar claro para a população paulistana que estamos fazendo o possível para encontrar uma forma de interromper o processo de contaminação. E também, claro, uma cura", afirma Jacob Gorender, coordenador da pesquisa. "Como medida paliativa, a fim de exercitar as partes afetadas do cérebro, sugerimos a leitura de livros de história do ensino médio ou apostilas de cursinho sobre o período 1964 a 1985", completa.

O governador Geraldo Alckmin rebateu os dados da pesquisa – que apontam para um agravamento do problema com o uso da segunda cota do volume morto do Cantareira. E disse que um racionamento está fora de cogitação: "Vivemos a normalidade".

Gorender, contudo, explica que, se nada for feito, após atingirmos a terceira e última cota do volume morto (que concentra a maior quantidade de metais pesados), podemos esperar que a amnésia coletiva atinja a memória sobre a Proclamação da República e até a Lei Áurea.

"As pessoas irão tratar negros como cidadãos de segunda classe, sem os mesmos direitos que os brancos. Será assustador ", conclui.

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Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.


Leonardo Sakamoto