Deputado tucano exige que site anti-PT que atacou jornalistas seja punido
Leonardo Sakamoto
08/11/2014 10h32
O deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB) solicitou, nesta sexta (7), que a Assembleia Legislativa de São Paulo envolva a Polícia Federal, o Ministério Público de São Paulo e o Ministério Público Federal na identificação e punição dos autores das ameaças contra jornalistas que cobriram a manifestação que pediu o impeachment de Dilma Rousseff no dia 1o de novembro.
O foco do pedido é o "Reaçonaria", um site sem autor declarado, que foi um dos responsáveis por fomentar o assédio contra os repórteres. Bezerra também exigiu que sejam rastreadas as formas de financiamento da página.
A manifestação na avenida Paulista , em São Paulo, recebeu críticas de vários setores da sociedade, inclusive de lideranças do PSDB, como o governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves, que não concordam com pedido de impeachment, nem com uma intervenção militar – ação exigida por parte dos presentes no ato.
Os repórteres Gustavo Uribe, da Folha de S. Paulo, e Ricardo Chapola, do Estado de S.Paulo, foram vítimas de ataques e ameaças nas redes sociais de grupos que, contrários à cobertura realizada pelos jornais da manifestação, os acusaram de partidarismo e divulgaram na rede dados de suas vidas pessoais.
"A incitar um clima de ódio contra a cobertura de imprensa e promover assédio pessoal aos profissionais dela encarregados, o website apócrifo atenta contra a liberdade de expressão, afetando não apenas as pessoas assediadas e os jornais para os quais trabalham, mas também o direito que toda a sociedade tem de ser informada", afirmou Bezerra, que foi liderança do PSDB na Assembleia e é vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais, no requerimento.
A Associação Brasileiro de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo divulgaram notas repudiando o assédio, classificando-o como um ataque à liberdade de expressão e pedindo a garantia de segurança para a atuação dos profissionais de imprensa.
Sobre o Autor
É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.