O que dizer de alguém que afirma ter orgulho de ser machista?
Leonardo Sakamoto
06/02/2015 19h57
Escrever um texto sobre preconceitos é algo fascinante.
Pois muita gente rebate o conteúdo dizendo que "é hipocrisia apontar preconceitos, pois todos nós temos algum preconceito".
Sim, temos. E muitos.
Mas o que fazer dessa constatação?
Assumir um comportamento medíocre e covarde diante de nossa ignorância, por toda a vida, rangendo os dentes frente à possibilidade de conhecer melhor o outro e mudar a si mesmo?
Ou entender que estamos em um processo de constante aprendizado e que uma das coisas mais bonitas pela qual podemos passar é perceber a nossa incompletude, entender o que tememos no outro e buscar tolerá-lo ou, quiçá, amá-lo?
Não deveria haver orgulho na frase:
"Eu sou" machista/racista/homofóbico/ transfóbico.
Mas, sim, em "Eu era e não sou mais".
O problema é que isso traz uma calma que muitas pessoas em guerra consigo mesmas não são capazes de digerir.
Sobre o Autor
É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.