Dez Momentos Patéticos da Política Brasileira em 2015 (até agora)
Leonardo Sakamoto
16/12/2015 09h26
Perguntei a colegas jornalistas quais teriam sido os piores momentos da política brasileira em 2015 – até agora, claro, porque o ano só acaba quando termina. E o "japonês bonzinho" da Polícia Federal que, ao contrário do que apontam leitores maldosos não é meu tio, segue à espreita.
Ao todo, 14 boas almas de veículos de comunicação tradicionais ou independentes, de dentro e de fora do país, que acompanham de perto a política nacional responderam. Posto abaixo os trending topics da brincadeira que bem poderiam vir sucedidas de um #VemMeteoroVem.
1) Eduardo Cunha é eleito presidente da Câmara dos Deputados (este item foi o único unânime – teve quem só respondesse isso, aliás).
2) Beto Richa desce o cacete nos professores em greve e Geraldo Alckmin nos estudantes que ocupam escolas.
3) Saudosistas da ditadura perdem o pudor de pedir "intervenção militar" assustando até o comando do Exército.
4) A interrupção de uma sessão do Congresso Nacional para que deputados fundamentalistas religiosos pudessem rezar um Pai-Nosso no plenário assustando Deus.
5) Qualquer discurso em que Dilma ignore o que sua equipe escreveu e improvise, seja saudando mandiocas ou "mulheres sapiens".
6) Delcídio Amaral sugere fuga de Nestor Cerveró, peça-chave no escândalo de corrupção na Petrobras, e vai preso em pleno exercício do mandato de senador.
7) As declarações de Jair Bolsonaro.
8) A carta de Michel Temer para Dilma Rousseff, na verdade a carta de Michel Temer para a imprensa.
9) O UFC de deputados federais com o início de pancadaria na Comissão de Ética.
10) A repetidas manobras de Cunha, com o apoio de centenas de deputados, para aprovar a redução da maioridade penal, para manter o financiamento privado de campanha, para acelerar o processo de impeachment e para não ser destituído do cargo.
Sobre o Autor
É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.