"Mas é Carnaval, vadia!" - 5 coisas que fazem de você um idiota na folia
Leonardo Sakamoto
07/02/2016 17h26
Dedicado ao rapaz que não aceitou um "não" em um bloco de carnaval, na tarde deste sábado (6), provocando ira, raiva e vergonha alheia em quem observava a cena:
1) O significado de "não" é "não". Não é "talvez", muito menos "quem sabe" ou ainda "insiste que pode rolar". Um "não" não te diminui como pessoa, faz parte da vida. Mas deixar de aceitá-lo, faz de você um idiota.
2) Usar frases como "Onde você acha que vai vestida assim?", "A culpa não é minha, olha como você tá vestida!", "Se saiu de casa assim, é porque está pedindo", "Mas é carnaval, vadia!", "Quem está aqui sozinha é porque quer isso" e "Me dá um beijo que eu te solto" faz de você um idiota.
3) Chamar mulheres, em qualquer circunstância, de "prostitutas" e "vadias" como xingamento genérico para qualquer comportamento em desacordo com seus planos de "conquista" faz de você um idiota. E tratar as prostitutas com respeito diferente daquele dispendido a qualquer outra trabalhadora também faz de você um idiota.
4) Segurar mulheres pelos cabelos, braços, pescoço, cintura ou qualquer outra parte do corpo sem que ela tenha lhe dado expressa autorização para tanto faz de você um idiota.
5) Achar que assédio ou violência sexuais são "brincadeira de carnaval" e "molecagem" faz de você e de quem passar a mão na sua cabeça pelo ato um idiota. Tratar mulheres transexuais que estão na folia com o desrespeito que você não dá às demais faz de você um idiota. Achar que carnaval é passeio em açougue de carne faz de você um idiota.
Seus amigos podem te chamar de "frouxo" se compreender essas sugestões. O que faz deles um bando de idiotas e de você, um cara legal que sabe viver em sociedade, respeitando a dignidade da outra pessoa.
Sobre o Autor
É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.