Desfecho do caso Embraer mostrará que país é este
Escrevi, dias atrás, sobre o anúncio da Embraer que demitiria 4 mil empregados. Aliás, minto. Segundo comunicado da empresa, eles não estão sendo demitidos e sim "deixam posições". Como se fossem embora por conta própria.
Hoje, o presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas, desembargador Luís Carlos Cândido Martins Sotero, concedeu uma liminar que suspende até o dia 05 as demissões. Respondeu à uma ação em que sindicatos alegaram que a Embraer não se dignou a negociar opções antes da guilhotina. Isso em um cenário em que está capitalizada para enfrentar a crise sem tanto sofrimento aos trabalhadores.
Mesmo sendo uma empresa eminentemente exportadora (e, lá fora, a situação está realmente mais feia), a empresa diminuiu em apenas 10% a previsão de entregas neste ano (de 270 para 242 aeronaves) com uma queda de receita prevista em 13% (de 6,3 para 5,5 bilhões de dólares). A empresa fechou o ano com uma carteira de pedidos firmes de 20,9 bilhões de dólares, tendo entregue 204 aviões em 2008.
Isso tudo com acesso a muito crédito público. Mas o governo federal não teve coragem de se impor e forçar uma mudança de decisão. Ficou para a Justiça do Trabalho defender o trabalhador, de novo.
Uma audiência pública entre a empresa e os Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos está marcada para a próxima quinta às 9h. E a fabricante de aviões já deixou claro que vai recorrer da decisão judicial, defendendo o sagrado direito dos empregados de "deixar posições" quando quiserem. É importante acompanhar, pois o que está em jogo não são "apenas" os 4 mil empregos, mas a forma como empresas, governos e justiça vão encarar o emprego neste período de crise econômica. Colocando o bem estar do trabalhador em primeiro lugar ou tratando de preservar tão somente lucros e a competitividade.
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