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Leonardo Sakamoto

Deputado Aldo Rebelo toma pancada do Greenpeace

Leonardo Sakamoto

09/04/2009 18h01

Aldo Rebelo (PC do B-SP) deve estar sentindo até agora a pancada que levou do diretor de políticas públicas do Greenpeace, Sérgio Leitão, em debate na rádio CBN. O deputado federal tentou defender, através de um discurso raso, a integração forçada dos povos indígenas ao restante da sociedade, limitando o seu direito à terra e à identidade. Leitão teve paciência para lembrar um pouco de história ao deputado e tentar trazê-lo de volta à realidade.

Aldo fala de interesses externos de olho no solo e no subsolo da Amazônia, culpa as ONGs estrangeiras que atuam aqui por isso. É claro que existem ONGs canalhas, mas da mesma forma que empresas e governos. Contudo, Aldo não fala sobre a verdadeira degradação ambiental, social, trabalhista causada por multinacionais estrangeiras que têm interesse no tipo de "progresso" pregado pelo deputado. A agenda de Aldo o consagra como um dos grandes aliados dos ruralistas, de sua bancada e seu modelo de desenvolvimento. E não dos movimentos sociais, entidades progressistas e dos trabalhadores brasileiros – que seriam próximos de seu partido, de acordo com seu partido.

A Amazônia já está internacionalizada, deputado. E não é de agora, deputado. Parece que o senhor não se lembra o que aconteceu durante o último período ditatorial e após a redemocratização, deputado, em que a pilhagem do capital internacional correu solta pela Amazônia, Cerrado e Pantanal, passando por cima de populações tradicionais, camponeses e trabalhadores rurais.

Eu já havia concedido o Troféu Frango, dado por este blog a bizarrices em geral, a Aldo Rebelo. É uma pena, caso contrário, esse era o momento dele levar um Frango para casa.

Ouçam o áudio do debate, clicando aqui.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.