Retrospectiva 2009 - Grandes bizarrices do ano
Errar é humano. Fazemos besteira a toda a hora e não nos damos conta disso – da mesa de bar às festas de família, elas são perdoadas pelo fato das pessoas à nossa volta se darem conta de que aquilo era, simplesmente, besteira. Mas alguns erros, por sua natureza bizarra, a importância social de seu autor e a certeza de que arrependimento é algo que passou longe de sua cabeça, merecem ser destacados. Melhor, premiados.
Este blog criou há alguns anos o Troféu Frango, o mais tosco prêmio das bizarrices em geral. Listo abaixo, os agraciados de 2009. Graças ao estúdio Pingado, neste ano, o prêmio ganhou ares tecnológicos, substituindo os franguinhos originais, e trilha sonora.
Novamente, divirtam-se (se puderem):
– Por matar nove pessoas nos últimos três anos, recebe o galardão a Entidade Maligna do Metrô, espírito ruim que habita o subterrâneo de São Paulo, verdadeira responsável por todas as tragédias que ocorrem por lá. As pobres empresas construtoras tentam espantá-la, mas seus esforços são em vão. O encosto é mais forte.
– Por ameaçar estuprar um ministro de Estado em praça pública (é isso mesmo que você leu, sem exageros), o governador do Mato Grosso do Sul André Puccinelli foi agraciado. Ele havia ficado irritado com a proibição do plantio de cana-de-açúcar na região de impacto do Pantanal.
– Por insinuar que os trabalhadores são bêbados e precisarem de tutela, Nelson Marquezelli (PTB-SP) foi visitado pelo Frango: "Se você reduzir a carga horária, o que vai fazer o trabalhador? Eles [os defensores da mudança na lei] dizem: vai para casa para ter lazer. Eu digo: vai para o boteco, beber álcool, vai para o jogo. Não vai para casa. Então, você veja bem, aí é que tá o mal: ele gastar o tempo onde ele quiser, se nós podemos deixá-lo produzindo para a sociedade brasileira".
– Pela pressão esquisita sobre o Ministério Público Federal, o deputado federal Abelardo Lupion (DEM-PR) recebeu o prêmio.Durante audiência no Congresso Nacional para discutir o embargo à carne no Pará devido ao desmatamento, ele tentou intimidar o procurador da República Daniel César Avelino: "Dr. Daniel, o senhor é um moço, provavelmente teria um grande futuro pela frente".
– Pelos argumentos usados para justificar um butim na legislação ambiental e rifar o futuro das próximas gerações, a Bancada Ruralista do Congresso Nacional foi escolhida.
– Pela incompreensão da História, o deputado federal Aldo Rebelo (PC do B – SP) levou o troféu ao repudiar publicamente a decisão do STF que garantiu a demarcação contínua da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, dizendo que ela agridia o interesse nacional e projetava incertezas quanto à unidade da nação. Se isso é ser esquerda hoje, para que direita?
– Pelo papel ridículo e desumano, o arcebispo de Olinda e Recife José Cardoso Sobrinho ganhou o prêmio ao excomungar os médicos envolvidos no aborto legal feito por uma menina de nove anos, grávida de gêmeos do padrastro que a estuprava desde os seis anos de idade.
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